Publicado em: 06/11/2020

Pecuarista sai para barganhar preços mais remuneradores diante dos elevados custos de reposição e da engorda, fundamentado na falta estrutural de animais no mercado

Faz tempo que não há estabilidade no mercado do boi gordo. Os reajustes na arroba, atualmente sempre para cima, ocorrem quase todos os dias. Quando a arroba não sobe em São Paulo, avança em regiões do Centro-Oeste e outras praças importantes do País. Às vezes, o movimento de alta é generalizado, se alastrando praticamente a todas as principais regiões pecuárias.  Foi o que aconteceu nesta quinta-feira (5/10), com avanços das cotações em pontos relevantes de comércio de boiadas, conforme informações da IHS Markit e também da Scot Consultoria.

Nas praças pecuárias paulistas, a cotação do boi gordo subiu R$ 3/@, para R$ 278/@ à vista, segundo a Scot Consultoria. “Os machos que atendem ao mercado externo estão firmes em R$ 280/@, preço bruto e à vista”, acrescenta a consultoria. Ainda em São Paulo, os preços da vaca e da novilha gorda subiram R$ 5/@, alcançando R$ 265/@ e R$ 270@, respectivamente (preços brutos e à vista), de acordo com a Scot.

Os valores da boiada gorda em Mato Grosso do Sul seguem bem próximos aos registrados em São Paulo. Na praça de Dourados, o boi gordo ficou cotado em R$ 278/@, alta de R$ 5/@ na comparação diária (também considerando preço bruto e à vista), segundo dados da Scot. Outras regiões pecuárias importantes também tiveram elevações nos preços dos animais terminados, dando continuidade ao forte movimento altista registrados nas últimas semanas (veja, no final desta páginas, as cotações de machos e fêmeas desta quinta-feira em todas as principais praças pecuárias do País, conforme apuração da IHS Markit).

Segundo a IHS, a enorme escassez na oferta de animais prontos para abate continua oferecendo suporte para o movimento de valorização da arroba. “Essa forte especulação altista é agravada pela apertada escala de abate da maioria das plantas frigoríficas espalhadas pelo território nacional, onde há relatos de estruturas que dispõem de programação preenchidas até a próxima segunda-feira, dia 9, dada a enorme dificuldade em originar volumes mais significativos de gado”, observa a IHS.

Na avaliação da consultoria, embora haja um posicionamento por parte do pecuarista em barganhar preços mais remuneradores diante dos elevados custos de reposição e da engorda no cocho, “o fato é que existe uma falta estrutural de animais no mercado”. Os processos de terminação de gado a pasto foram retardados devido ao atraso das chuvas, o que fez pecuarista recolocar lotes novamente no cocho. Além disso, há uma demanda altamente aquecida por parte dos compradores internacionais da carne bovina brasileira, principalmente por parte da China.

Outro motivo de preocupação por parte da indústria é que avanço dos embarques de proteína vermelha está ocorrendo no mesmo momento em que se espera um aumento consumo doméstico típico de final de ano, acrescenta a IHS.

No atacado, os preços dos principais cortes bovinos continuaram estáveis nesta quinta-feira. A entrada da massa salarial, a irregularidade na oferta de mercadoria diante do lento ritmo dos abates diários e o avanço nas vendas externas mantêm suporte aos preços da carne bovina. “Novas altas foram identificadas para o couro bovino e para o sebo, impulsionadas pela retomada da demanda agregada”, informa a IHS Markit. As exportações brasileiras de couro estão sendo beneficiadas pelo dólar e menor oferta, ao passo que o sebo pela cadeia de biodiesel, justifica a consultoria.


Alta do boi se alastra com força a todas as regiões pecuárias