Publicado em: 29/10/2020

Produtores que podem estão colocando animais no cocho, diante do atraso nas chuvas, levando a indústria a melhorar os preços pagos na boiada pronta

O ambiente de forte restrição de oferta de boiada gorda persiste em praticamente todo território nacional, e tal cenário deve se perpetuar até pelo menos meados de novembro, prevê a IHS Markit. “A maior parte das indústrias frigoríficas está se valendo de animais terminados em confinamentos próprios ou do recebimento de gado a termo fixado anteriormente”, relata a consultoria.

Segundo a IHS, diante da enorme escassez de animais terminadas, os preços da arroba do boi gordo e da vaca gorda não param de subir. Do lado dos compradores, a situação segue bastante complicada, dizem os analistas. Algumas plantas frigoríficas promovem férias coletivas ou reduzem os abates diários, reorganizando as suas escalas.  “A ideia é adequar a produção à demanda vigente”, observa a consultoria.

Em algumas regiões do Brasil, pecuaristas optaram por retirar o gado do pasto para realizar a terminação no cocho em função de atrasos e irregularidade das chuvas. Além disso, informa a IHS Markit, a trajetória de valorização da arroba também tem mantido boa parte da ponta vendedora na defensiva, à espera de preços que remunerem ainda melhor – os produtores que investem no uso de ração estão pagando atualmente bem mais caro pela dieta, devido à disparada nos preços do milho e do farelo de soja.

No atacado, os preços dos principais cortes bovinos seguem estáveis. “Agentes passam a aguardar maior consistência das vendas internas com intuito de encaixar repasse de custo”, avalia a IHS Markit. A irregularidade no ritmo dos abates diários e o elevado fluxo das exportações de carne mantêm a disponibilidade interna de carne bovina bem ajustada e passível de altas com a virada de mês – quando teoricamente o consumo de proteína sobe diante da entrada de dinheiro dos salários.

Segundo a IHS Markit, a ascensão dos preços da carne suína e os elevados patamares da carne de frango também dão suporte adicional, visto que são cadeias que estão sendo severamente impactadas pelos elevados preços do milho e do farelo de soja.

Na avaliação da consultoria Agrifatto, no varejo, o “cenário atual é preocupante, diante da dificuldade em escoar produtos de segunda, como dianteiro e pontas. “Essa conjuntura tende a se agravar neste período final do mês”, prevê a Agrifatto, referindo-se ao menor poder aquisitivo da população neste período. 

Fonte: https://www.portaldbo.com.br/pecuarista-vende-de-gota-em-gota-e-complica-a-vida-do-frigorifico/

Pecuarista vende de gota em gota e complica a vida do frigorífico